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Ritos de iniciação: uma aprendizagem para “ser homem” e “ser mulher”

Desenho de Malangatane
12
Out
2012

Os ritos iniciam as e os jovens numa etapa do seu ciclo de vida, ou seja, no mundo dos adultos, com uma ordem e uma hierarquia socialmente determinadas. Com as grandes mudanças nos últimos anos, constata-se que, embora permanecendo muitos dos elementos estruturantes, há alterações nos conteúdos e nos meios de agenciamento dos ritos de iniciação.

De entre as instituições socioculturais que caracterizam parte significativa da sociedade moçambicana, figura o que na literatura especializada é conhecido como ritos, rituais de iniciação ou ritos de passagem.

Sendo uma instância de socialização, os ritos iniciam os jovens numa etapa do seu ciclo de vida, ou seja, no mundo dos adultos, com uma ordem e uma hierarquia socialmente determinadas e aceites pela maioria da sociedade.

Se tivermos em conta as mudanças havidas no país nas últimas décadas, constata-se que, embora permanecendo muitos dos elementos estruturantes, há, sob a influência dos novos contextos, alterações nos conteúdos e nos meios de agenciamento dos ritos de iniciação. A análise dos ritos como elementos estruturantes das identidades aponta para a necessidade de se estudar como o modo e os meios “utilizados” nos ritos a que mulheres e homens são sujeitos ao longo da vida, agenciam a construção das identidades de género. Os ritos de passagem de idade podem ser tomados, embora não independentemente de outros factores, como modelos legitimadores da desigualdade entre mulheres e homens.

Em contexto urbano[1], mesmo em comunidades que procuram preservar uma ordem tradicional que unia no passado os e as iniciandos/as em torno de significados que exaltavam os “antigos” saberes aprendidos, há factores como a frequência da escola, a circulação por outros espaços, a contaminação, mesmo que formal, do discurso público de direitos, que interferem na adopção de comportamentos, e que veiculam a adesão a novos elementos de identificação que resultam na procura da conciliação de mecanismos de convivência entre os dois mundos.

Assim, os e as jovens transitam entre espaços, entre aquilo que aprenderam a ser e a imaginar, mediados por outros elementos onde novas performances são exigidas, para o reconhecimento do eu e do outro, e onde se confrontam discursos e comportamentos. Um exemplo é a ruptura/combinação entre espaços e performances, em que ao mesmo tempo que os rapazes que andam com preservativo são socialmente aceites por que se identificam com o grupo (é informado, já iniciou vida sexual, etc.), nos ritos aprendem a importância que o sémen e o seu depósito no corpo da mulher tem para a sua virilidade.

O mesmo se passa com as acusações, que são recorrentes, ao papel negativo das novelas e dos filmes, no comportamento dos/das jovens e, com um pouco mais de ambiguidade, ao conhecimento que é transmitido na escola sobre o corpo humano e seu funcionamento que retira, por exemplo, aos conselhos sobre menstruação, grande parte da sua carga simbólica. O conhecimento evidenciado pelas meninas, associado a alguma perda de influência da tradição, em que a menarca exigia uma performance que se traduzia no passado por manifestações de medo, cria um desconforto também evidenciado em relação a dois fenómenos de carácter urbano: um é a diminuição do tempo dispendido nos ritos que garantiam um maior leque e fixação de ensinamentos e o acompanhamento (controlo) dos/as jovens antes e depois da realização dos ritos pelos padrinhos e pelas madrinhas. Outro é o espaço onde os jovens eram iniciados, espaço este inviolável a quem não pertencesse ao grupo e cuja destruição na fase de agregação correspondia à morte do infante e à sua passagem para adulto e que é, segundo alguns informadores, um dos grandes constrangimentos para que o rito cumpra a sua finalidade.

Estes dois factores mostram que estamos perante uma desconexão entre mundos, transferências, deslocações e trânsitos, cuja complexidade não permite a identificação categórica das mudanças existentes, nomeadamente nas finalidades, nos meios utilizados e na construção da masculinidade e feminilidade.

No que respeita ao papel jogado pelos ritos na construção do feminino é de assinalar que todo o cerimonial que os estrutura, mesmo quando aparentemente pode induzir a existência de fenómenos de transgressão, esses fenómenos têm lugar (e podem ter lugar), onde o caos se instala, a ordem social se suspende para novamente ser reposta e fortalecida, expondo finalmente a sua feminilidade ao grupo, o que significa “estarem prontas” na linguagem utilizada por muitos dos e das informadoras/es[2]. O quanto e como elas aprendem nos ritos sobre a sua sexualidade, não nos permite analisar essa aprendizagem de forma simples, exótica e linear, mas numa perspectiva, como afirma Rivière, dos ritos terem como função o estabelecimento da coesão da ordem “exprimindo relações sociais tornadas visíveis ao colocar em jogo a própria condição social daqueles que o realizam, num jogo de reconhecimento e oposições mútuas que supera os limites do tempo e do espaço ritual” (1996:70).

Por Conceição Osório

 

Referências:
Claude Rivière (1996). Os Ritos Profanos. Petrópolis: Vozes.
Victor Turner (1974). O Processo Ritual. Vozes. Petrópolis

 

Notas:

[1] Referimo-nos a um trabalho realizado na cidade de Maputo, em 2011, no Bairro da Mafalala e no Bairro Militar, onde predominam, respectivamente, pessoas de origem macua e maconde.

[2] Autores como Victor Turner (1974) fazem múltiplas referências a cerimónias em que os cantos de ambos sexos traduzem a depreciação do sexo oposto, fazendo alusões claras aos órgãos sexuais, sem que a ordem seja desestruturada.

4 comentários a “Ritos de iniciação: uma aprendizagem para “ser homem” e “ser mulher””

  1. Lili diz:

    Eu achei optimo e explicativo

  2. Reginalda da silvia diz:

    É um pouco explicativo mas não entendi nada.

  3. Gelindo Chambuquile diz:

    A explicaçao é perceptivel.Na verdade a Africa continua preservando os valores culturais que passam pelas etapas da vida.
    Por exemplo na Regiao do Norte de Moçambique entre os etnicos yao e Maconde levam os adolescentes(F e/ M)para um acampamento longe da zona residencial.
    O objectivo fundamental é transmitir as formas de convivencia entre os membros da mesma comunidade e no respeito que deve ser dado a outros grupos sociais.

  4. MESSIAS A M diz:

    FOI SUFISCIENTE PR MINHA IMVESTIGACAO

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