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A linguagem abusiva como “direito de profanar” das mulheres

16
Nov
2016

O autor deste texto provocador discute a irreverência como forma de contestar relações de poder e de defender direitos.

Há que ver no “direito de profanar” um sinal de ruptura com os modelos sociais que enformam a submissão feminina. E aqui, é preciso ter coragem para aceitar, até, as teorias de relações internacionais que advogam que a guerra é uma oportunidade para moralizar a sociedade. Não se trata de incitar ao uso propositado da maldade para justificar o bem, mas sim de ver nos simples “gestos selvagens”, o quebrar com um “sagrado” que demoniza a vida humana. Estamos a falar da linguagem abusiva que comummente é utilizada pelas mulheres nas relações afectivas, mas que para os homens é uma evidência de falta de respeito. “Vai à merda”, “Vai-te lixar”, “Vai passear”. São expressões que surgem no contexto afectivo, principalmente, no meio urbano, e que se enquadram num conjunto de comportamentos estratégicos utilizados pelas mulheres para “romper” com o ciclo de violação impregnada na ideia de respeito, este sagrado vilão utilizado para mantê-las submissas em casa. Se em determinados contextos como o asiático, o riso sarcástico, a simples promessa de fazer as tarefas de casa, feita com intenção deliberada não fazer, são utilizadas para escapar da agressão, aqui é a “linguagem abusiva” que ecoa para romper com o “establishment”.

Não se trata de profanar por profanar, muito menos de apelar para o uso de tal linguagem, mas sim de sair do ritual quotidiano que estranha, evita, deplora o uso dessa linguagem e observar nelas um recurso, um escudo, uma estratégia utilizada pelas mulheres para romper com o mundo sagrado dos homens, marcado por um respeito que demoniza a vida delas. É essa a função do cientista social que o filósofo francês Michel Foucault nos traz quando discute “Gaia Ciência” de Nietzsche e a ideia de Spinoza de que precisamos de nos abster de estranhar, evitar e deplorar os objectos se os quisermos realmente conhecer.

Portanto, não vamos na senda do historiador romeno, Mircea Eliade, que procurou entender as lógicas religiosas que demarcam determinadas sociedades, através do binómio sagrado/profano. Esse modo de olhar as coisas é, em certo sentido, demasiado funcionalista, pois não nos permite vislumbrar no sagrado a presença do profano. Por exemplo, quando se olha para determinadas sociedades ao ritmo de Mircea Eliade, não se notará com facilidade que o sagrado está profundamente tingido de valores morais que violam os direitos humanos das mulheres. E é precisamente aqui onde o recurso ao profano, ao desrespeito, à linguagem abusiva, é necessária para operar mudanças.

Na análise que fez sobre os ritos de iniciação em Moçambique, Conceição Osório (2013) chegou à conclusão que a noção de respeito que é transmitida às raparigas que passam pelos ritos, vai muito além da ideia geral que se tem de respeito. Neles, o ensino do “respeito”, da divisão sexual de trabalho e do prazer são utilizados como dispositivos que visam manter o corpo da mulher subordinado ao poder masculino.

É neste contexto que o uso da linguagem abusiva deve ser visto como estratégia de luta para pôr em questão as assimetrias de poder nas relações conjugais; para reafirmar a igualdade do género humano; para garantir direitos. Não é de menos que correram no mundo as imagens de Putin, Merkel, Papa Francisco, Obama todos sentados na privada. Esta forma de representar o poder, de profanar, num contexto de luta pelos direitos de modo algum pode ser considerado uma violação dos direitos de personalidade. Ela representa precisamente o seu sinónimo, uma simples recordação de que todos e todas somos iguais. Neste sentido, o excesso não significará o extravasar dos limites, mas o seu antónimo, a luta pela continuação de um processo que deve culminar no reconhecimento de direitos.

Com efeito, é preciso um olhar atento para não ver na profanação, no uso da “linguagem abusiva” a simples manifestação de comportamentos absurdos. Na maioria das vezes estes representam uma estratégia de luta com vista a restaurar o equilíbrio de poder, que se perdeu na consagração daquilo que se considera sagrado, na veneração da ideia de respeito.

Certa mulher uma vez fez a seguinte pergunta: “Se nós os dois trabalhamos, voltámos a casa à mesma hora e cansados, porque é que tenho que ser eu a cozinhar?” Esta é a pergunta que muitas mulheres fazem, mas que os paradigmas que a sociedade oferece sobre o respeito e da submissão ao marido pouco dá em termos de resposta, por nela estarem precisamente incorporados os artefactos de submissão aos homens que enformam os princípios de respeito. E é neste ponto que o sagrado é profano e como tal precisa de ser violado.

 

Romão Kumenya

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