Em meio a um ano castigado por perdas económicas, residências e outros bens, provocadas pelo ciclone “Eloise”, recordando outros eventos naturais similares cujos rastros ainda são visíveis, seria natural não esperar um balanço positivo de pessoas, sobretudo, de mulheres. Contrariando todas as expectativas, houve quem soube ajustar o sofrimento e encontrar novas oportunidades para geração de rendimentos e garantir a sua recuperação e sobrevivência. A reportagem do “Notícias” conversou com algumas mulheres do mercado Gorjão, sobreviventes do “Eloise” e outros ciclones”Idai” e “chalane” que antes devastaram a capital provincial.

A produção de castanha de caju em forma de cooperativismo, no bairro Gimo Ocossa, distrito de Marracuane, província de Maputo, melhora as condições de vida das mulheres associadas. Trata -se de 90 mulheres pertencentes à União Local das Cooperativas de Bobole (ULCB), que congrega três unidades de cooperativismo, nomeadamente Mata Fome, Ano da Victória e Maria de Luz Guebuza, criadas em 2006, 2008 e 2010.

Na província de Sofala, na cidade da beira, a mulher quer assumir a liderança nas campanhas de sensibilização das comunidades para conter a propagação do novo coronavírus. O desejo ocorre numa altura em que o número de casos positivos continua alto e preocupante, havendo necessidade de intensificar a luta para contrariar o cenário. A participação de mulher na sensibilização das comunidades deve -se também ao facto de constituírem um grupo em que facilmente se pode ser acreditar, ou seja, a mensagem deste grupo social tem peso, podendo contribuir para travar os índices cada vez mais elevados de propagação da doença.

A prevalência de normas socioculturais que evidenciam a vulnerabilidade da mulher, aliada à dependência financeira, continua a concorrer para os elevados índices de violência baseada no género e uniões prematuras. Não obstante este cenário, centenas de mulheres têm saído da situação de violência baseada no género, conquistando o seu espaço na vida socioeconómica, através de programas de formação técnico – profissional e actividades de geração de renda

Maputo – A Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), realizou Conferência Nacional sobre a Lei das Uniões Prematuras. A Conferência foi acompanhada pelo um momento arrepiante e triste de partilha virtual de histórias de vida das raparigas que carregam sentimento de dor e mágoa vividos na união forçada e prematura. Ana João ( nome fictício), é uma jovem de 18 anos de idade, do distrito da Majune, no Niassa, aos 14 anos foi forçada pelos próprios familiares a viver em união forçada e prematura, com um homem cuja idade se equipara à do seu avô. Estas histórias denunciam a necessidade de uma intervenção urgente junto às comunidades, passando pela sensibilização e aplicação da lei aos violadores.

 

A participação da mulher no mercado de trabalho tem estado a ganhar destaque nos últimos anos. Mesmo com desafios, grande parte delas batalha diariamente para criar seu espaço, estando mais presente no sector informal. No entanto, a falta de literacia financeira e formação técnico – profissional tem impedido que elas evoluam e se tornem grandes mulheres de negócios.

Cerca de 40 Mulheres representando as províncias de Gaza, Maputo e Inhambane, reunidas num seminário de formação em Bilene, na província de Gaza, cujo lema ” Participação política do género na indústria extractiva”, mostraram – se preocupadas com a busca de soluções e estratégias para o seu empoderamento e inserção nos negócios, sobretudo do sector dos recursos naturais, em curso no país. Neste evento, que envolveu membros das assembleias províncias da zona sul do país, sobre matérias da indústria extractiva, questionaram o facto de oportunidades para a provisão de serviços e bens nos megaprojectos não contemplarem rostos femininos, defendendo, por isso, a necessidade de se criarem políticas que facilitem o seu envolvimento no sector.

A rotina de trabalho e outros afazeres por vezes tornam difícil aos homens e mulheres que vivem nas grandes cidades chegar a um posto de saúde para fazer planeamento familiar. No entanto, é possível que numa caminhada pelas ruas se consiga algum tempinho. É neste período que, encontrando um posto móvel de planeamento, a mulher pode colocar ou substituir o implante de mais de dois anos, tomar a vacina de seis meses ou levar pílulas anticoncepcionais para casa. Nas terminais de transporte público, escolas, mercados e sedes dos bairros da região metropolitana do grande Maputo, esta realidade voltou a ganhar forma.